domingo, 25 de janeiro de 2015

“Detrás da onda azul, sobre o horizonte azul...”

No dia em que os gregos dizem que é possível os povos reafirmarem o valor da democracia contra a ditadura dos mercados financeiros, vale a pena revisitar a música de um dos mais importantes compositores gregos. A propósito das suas canções, Mikis Theodorakis escreve: “Não há nada mais efectivo como como um anti-corpo contra as ditaduras do que a música. A música torna as pessoas mais bonitas e humanas.” As músicas de Theodorakis, pelo menos, são assim: trazem-nos a nostalgia e a alegria, o ritmo e as cores dançantes da água do Mediterrâneo, esse grande lago comum a tantos povos e onde se cruzam tantos sons — talvez por isso, as canções de Theodorakis têm sido tão bem interpretadas pela cantora maiorquina Maria del Mar Bonet. Neste vídeo, pode ver-se e ouvir-se a força do bailado Zorba, num concerto gravado em Munique (Alemanha), há precisamente 20 anos, com a Orquestra Estatal de Atenas. A força, que é como quem diz, a beleza. Como nos poemas: “Detrás da onda azul, sobre o horizonte azul,/ espera uma mãe que não vi durante anos/ porque me recusei submeter à lei.”

(O livro de Nikos Kazantzakis Zorba, o Grego, conta a história de um intelectual em crise de identidade, que tenta refazer a sua vida com a ajuda de um misterioso Alexis Zorba. A parte mais conhecida da composição musical pode ouvir-se, neste vídeo, após os 51’30”; depois, a peça é repetida com um bailado.)


(O texto adapta um artigo sobre um disco de Theodorakis publicado na revista Além-Mar, em Outubro 2001)



Sem comentários: