segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Albino Reis, um missionário entre tormentas


Padre Albino Reis (foto reproduzida daqui)

Apanhado no meio de um processo para o qual em nada contribuiu, o padre Albino Reis, 53 anos, novo pároco de Canelas (Vila Nova de Gaia) afirma que irá continuar a sua missão pastoral, “por causa das pessoas que nunca abandonaram a Igreja” – e refere em especial o grupo de jovens que manteve a animação litúrgica e a catequese, além de outras pessoas que mantêm via a paróquia, para lá de quem é o pároco.
Canelas vive, desde há mais de um mês, um conflito pouco usual, mesmo conhecendo casos de outros choques entre populações e párocos, ou entre as populações e o bispo por causa de processos de mudança nas paróquias. Neste caso, a diocese do Porto esclareceu o que se passou, num memorando essencial para entender o caso e que, infelizmente, pouca atenção tem merecido na maior parte das notícias que têm saído na comunicação social.
Neste caso, quer o bispo, conhecido pelo seu modo dialogante de conduzir estes processos, quer o novo pároco, de personalidade muito próxima de todos, foram apanhados no meio de uma tormenta que, tudo o indica, está a ser alimentada desde fora.
Sábado passado, na TSF, Manuel Vilas Boas passou uma entrevista ao novo pároco de Canelas, esclarecedora sobre a personalidade deste antigo missionário na Amazónia. Albino Reis, que fez objecção de consciência ao serviço de capelão militar, foi trabalhar para o Brasil como forma de cumprir o serviço cívico, apesar de isso significar o dobro do tempo de serviço em relação à capelania militar e um décimo do dinheiro que receberia como capelão. Na Amazónia, e depois no México, trabalhou em zonas conturbadas, entre indígenas e gente sem-terra, entre garimpeiros e pistoleiros, entre o exército zapatista e o exército mexicano.
Regressado a Portugal, e depois de deixar os Missionários Combonianos, onde tinha estado, foi trabalhar para a diocese do Porto, como pároco de Vilar de Andorinho e capelão do Centro Hospitalar de Gaia e Espinho, onde passa as manhãs, apoiando quem o solicita, como se pode ver nesta curta reportagem.
Sobre o conflito em que se viu metido, Albino Reis diz que ele tem sido mantido por um grupo de pessoas que aproveita a situação e que a igreja paroquial tem estado cada vez mais cheia. Os primeiros momentos, confessa, foram muito duros. “Ninguém quer isto para a vida, ninguém gosta de fazer o seu trabalho diante de uma contestação agressiva, malcriada, provocadora.” Mas mantém a esperança de que o conflito se vá esvaziando por si...
A entrevista pode ser escutada aqui na íntegra.

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