terça-feira, 30 de agosto de 2011

Nas vésperas da evocação da “Primavera da Igreja”

Antonio Celso de Queirós é bispo emérito de Catanduva, São Paulo, Brasil. Acaba de escrever um artigo intitulado "Tempo de nova esperança. Tempo de um novo Concilio?". Trata-se de uma leitura perspectivada a partir da realidade brasileira e latino-americana, mas não deixa de colocar dimensões e reptos que imorta ter em conta. Fica aqui o parágrafo introdutório e a reflexão final:
Quem viveu mais de perto o clima eclesial de meados do século passado (antes do Concílio Vaticano II) não pode deixar de perceber a situação atual como algo similar. Naquela época, como hoje, uma mistura de perplexidade e esperança preocupava muitos cristãos. Só os que viviam completamente em outro mundo, não percebiam que algo grande estava por ocorrer. O anúncio de um Concílio Ecumênico foi recebido com uma mistura de surpresa e temor. Surpresa pelo anúncio de algo com o qual a Igreja não estava acostumada. Temor de que isso pudesse terminar com as reflexões e as buscas, por um gesto autoritário da hierarquia. Com o tempo, o medo foi sendo superado. A superação foi mais ampla diante dos textos conciliares, especialmente as quatro grandes constituições e as encíclicas papais contemporâneas: Mater. et Magistra e Pacem in Terris de João XXIII, e depois com a de Paulo VI. (...)
Voltando ao início destas reflexões, agora, como no período que precedeu o Concílio, os que estão atentos aos sinais dos tempos, percebem que algo tem que ocorrer. Como naqueles anos, é preciso superar a mera perplexidade e o temor, abrindo-se a uma grande esperança. Recordando Santo Tomás de Aquino, as condições de esperança são a busca de um bem custoso que ainda não temos e um motivo firme para nos apropriarmos dele. Nossa esperança para a Igreja se baseia na presença do Espírito na história, nas sementes abundantemente semeadas pelo Concílio Vaticano II e na atuação nela do Espírito Santo. Aquele que plantou as sementes é também capaz de fazê-las nascer, crescer e frutificar. De nossa parte é necessário prosseguir na busca, vivendo a paciência ativa que sabe suportar as “demoras de Deus”, e viver as surpresas e contradições sem deixar-se abater. Ao mesmo tempo ajudando a semear o que já disse sabiamente alguém: “As decisões mais perfeitas, mais tardias, costumam ser piores que as decisões menos perfeitas, mas tomadas imediatamente”. De qualquer maneira, estamos certamente em um tempo apropriado para viver com maior intensidade a recomendação de o apóstolo ser “alegres na esperança, firmes na atribulação, constantes na oração” (RM, 12, 12).
A leitura integral do texto pode ser feita aqui

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