domingo, 24 de abril de 2011

À Procura da Palavra - CORRERIA PASCAL



(Crónica do P. Vítor Gonçalves, de comentário aos textos da liturgia católica)

“Correu então e foi ter com Simão Pedro e com o outro discípulo que Jesus amava.”(Evangelho de S. João, 20, 2)

(Foto: Cristo Ressuscitado, Igreja Paroquial de Sâo Pedro de Valongo do Vouga, Águeda)

Há uma enorme correria no dia de Páscoa! Não me refiro às tradições à volta do Compasso ou da visita pascal que, em muitos lugares do nosso país, são uma feliz expressão da alegria em anunciar, de casa em casa, a ressurreição de Jesus. Nem a alguma azáfama do encontro de famílias ou do regresso de mais uns dias de férias. São os evangelhos que nos falam de Maria Madalena, de Pedro e de João, dos discípulos de Emaús numa agitação entre o assombro e o deslumbramento, a dúvida e a fé.

Maria Madalena corre para ir dizer a Pedro e a João que o sepulcro está vazio. Vai de coração apertado. Não bastava todo o sofrimento da paixão para agora até o corpo de Jesus, o sinal da sua existência ter sido roubado? Não é um anúncio de fé ainda: pouco depois perguntará àquele que julga ser o jardineiro (e é Jesus) onde pôs o corpo do seu Senhor. Pedro e João correm ao sepulcro e se o primeiro fica no espanto daquilo do vazio que vê, o segundo vê e acredita. Vê o vazio e acredita que a vida ressuscitada de Jesus nenhum sepulcro a pode prender, nenhumas faixas a podem embalsamar. Correram então a contar aos outros? S. João diz-nos que será Maria Madalena a primeira a anunciar: “Eu vi o Senhor”. Uma mulher, cujo testemunho pouco valor legal teria naquele tempo, leva a feliz notícia que ecoará pela história: a vida e o amor venceram a morte!

Correram certamente os guardas quando viram que não tinham guardado bem o sepulcro. Temendo o castigo mas deslumbrados com o que tinham visto foram contar aos sumos sacerdotes. E estes subornaram-nos para fazerem correr a mentira que desacreditaria a ressurreição: teriam sido os discípulos a roubar e esconder o corpo de Jesus. Quantos romances e “best-sellers” surgiram à volta dessa ideia! E de onde vinha a força que transformou nos discípulos o medo em confiança, a tristeza em alegria, a solidão em comunhão? A vida transformada e transformadora dos discípulos é um testemunho luminoso da ressurreição do Senhor. Ontem, hoje e sempre!

Da corrida matinal de coração apertado à viagem de regresso a Jerusalém dos discípulos de Emaús, já noite fechada, de coração a arder, decorre aquele primeiro dia. Nenhuma noite podia apagar a luz e o fogo que Jesus acendera no caminho e à mesa. O dia da ressurreição tinha começado e nenhum ocaso seria mais forte. Nem o ocaso da dor e da morte. Por isso aquele encontro tinha de ser comunicado. Estava revelada a missão da Igreja: comunicar o encontro com Jesus vivo, levar a todos esse incêndio que não destrói mas transforma e ressuscita.

Correr para anunciar, para ir ao encontro de outros, para descobrir com todos os sinais do Espírito de Jesus Ressuscitado na vida de cada dia, para celebrar a alegria da sua presença, não é agitação repetitiva nem esforço de contabilidade. É partilha de corações a arder, é acolher o céu que abraça a terra!

1 comentário:

José Marques Ferreira disse...

Olá António Marujo;

De vez em quando passo por aqui.
Mas silencioso, sem fazer barulho.
Hoje não podia deixar de registar presença, porque está ali uma fotografia muito familiar e da qual já obtive, também, vários ângulos. Hei-de lá voltar, com direcção de luz adequada.
Mias há mais. Neste dia da foto, soube que o meu caro este na igreja de Valongo. Mas esse conhecimento, quando aconteceu, já lá não estava. Senão tinha ido lá!
Agora pergunta:
- Mas quem é este que se vem aqui «meter?»
Fica o nome completo e se mesmo assim não se lembra, pergunta (hoje que é dia da mãe) à D. Armanda, que ela explica.
Um abraço e montes de felicidades,

José Marques Ferreira
Valongo do Vouga
(Carvalhal da Portela-próximo do rio Vouga)