quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

“O que Trump está a fazer é iniciar uma campanha terrorista"

No DN de hoje, o meu irmão, Miguel Marujo, entrevista Faranaz Keshavjee, muçulmana e investigadora de estudos islâmicos, que diz: “Estamos todos a sofrer um abanão imenso, porque percebemos que isto está de facto a acontecer e agora é preciso pensar como é que se faz. Eu não posso impor, mas tenho de negociar. Faz-me pensar: porque é que até hoje não se negociou com ninguém. Não negociamos com terroristas, mas está aqui um terrorista. Não vamos negociar com ele?”
Faranaz  Keshavjee afirma ainda – é a frase puxada para título da entrevista – que “O que Trump está a fazer é iniciar uma campanha terrorista”, e acrescenta: “Há uma coisa grave nisto tudo e que me preocupa. Dentro da Europa e dentro da sociedade portuguesa, pessoas com alguma proeminência social, religiosa e política, estão a acompanhar muito bem a ideologia de Donald Trump. Isto é preocupante. Como seres pensantes, temos que observar, pensar, questionar e encontrar soluções. E seguramente este caminho não é o mais certo. A história já nos deu exemplos de coisas dramáticas que aconteceram, de destruição total, de desumanidade profunda e nós não podemos deixar que a história se repita. Mais a mais com o potencial que têm os EUA.”
O texto completo da entrevista pode ser lido aqui. (Foto reproduzida daqui)


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A Senhora de Maio - Todas as perguntas sobre Fátima - texto de apresentação do livro que hoje é apresentado em Lisboa

terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

A Senhora de Maio – Todas as perguntas sobre Fátima


No último fim-de-semana foi posto à venda o livro A Senhora de Maio – Todas as perguntas sobre Fátima (ed. Temas e Debates/Círculo de Leitores), que tive o gosto de fazer com o meu camarada de profissão Rui Paulo da Cruz.
O livro será objecto de uma apresentação pública esta quarta-feira, dia 8, às 18h30, no Jardim de Inverno do Teatro São Luís, em Lisboa. A sessão conta com a participação, em forma de debate, da escritora Lídia Jorge (que assina o prefácio), do historiador Fernando Rosas e do antropólogo e professor da Universidade Católica, Alfredo Teixeira.

Idêntica sessão decorrerá no próximo dia 16, às 21h, no Auditório do Centro Missionário Allamano (Rua Francisco Marto 52), em Fátima, com Graça Poças Santos ​(​professora do Instituto Politécnico de Leiria e autora do livro Espiritualidade, Turismo e Território: estudo geográfico de Fátima​)​  e Maria Inácia Rezola ​(​historiadora, integrou a equipa da Documentação Crítica de Fátima e é autora do estudo Sindicalismo Católico no Estado Novo​)​.

O livro recolhe um conjunto de mais de vinte entrevistas e depoimentos com perspectivas muito diversas sobre o fenómeno de Fátima, a partir da teologia, espiritualidade, religiosidade popular, antropologia e sociologia. Testemunhos de contemporâneos dos acontecimentos de há 100 anos e alguns dos documentos fundamentais sobre os acontecimentos – incluindo uma carta de Lúcia ao cardeal cerejeira a falar sobre Salazar – são também publicados.
Entre os entrevistados, contam-se os bispos Januário Torgal Ferreira e Carlos Azevedo, o historiador António Matos Ferreira, frei Bento Domingues, os padres Mário de Oliveira e Luciano Cristino, o antigo e o actual reitor do santuário, padres Luciano Guerra e Carlos Cabecinhas, o cardeal Saraiva Martins, a psicanalista Maria Belo, o sociólogo Moisés Espírito Santo e o antropólogo Alfredo Teixeira.
No prefácio, escreve Lídia Jorge: “António Marujo e Rui Paulo da Cruz rodam a chave no sentido certo. Oxalá este livro (...) possa abrir o capítulo de uma discussão que convém ser serena na forma, mas por certo não poderá evitar a contradição, o debate e o confronto aberto das ideias em face da crença. Debate que sempre ultrapassa os níveis da razão e da ciência – mas não as ignora –, esse patamar de confronto tão difícil de alcançar em Portugal.”
Reproduzo a seguir a nota inicial dos dois autores (que fica completa com uma nota final, que se encontra no livro).

Para o leitor acrescentar novas perguntas e propor as suas próprias respostas

Texto de António Marujo e Rui Paulo da Cruz

Os fenómenos ocorridos na Cova da Iria em 1917 adquiriram grande relevância política e religiosa, não só naquela época. Mas, ao mesmo tempo, dividiram e dividem opiniões e emoções em Portugal e no mundo, mesmo entre os católicos. Fátima é fruto da imaginação de três crianças e da imposição do clero ou revela uma forte experiência espiritual? Ela reflecte o catolicismo popular daquele tempo ou apresenta o essencial do cristianismo? O fenómeno subsistiu por causa da oposição da República e do apoio do Estado Novo ou mantém-se pela sua grande modernidade religiosa?