sábado, 23 de janeiro de 2016

Viagens, pesadelos, pobres e ricos

Crónicas

No comentário aos textos da liturgia católica deste domingo, escreve Vítor Gonçalves, com o título Das origens ao “hoje”:

Contabilizar o número de pessoas que emigram, ou, dolorosamente, fogem da miséria e da guerra em busca de uma vida digna longe das suas origens não é tarefa fácil. Milhares? Milhões? Ao sabor das ondas noticiosas são lembradas de vez em quando. Não introduzo este tema por ter soluções mágicas, mas porque as origens, a “terra” em que nascemos e crescemos tem sempre alguma importância. É verdade que o P. António Vieira dizia que um português tinha “para nascer, Portugal; para morrer, o mundo inteiro”! Criamos raízes e fazemos casa em qualquer lugar onde possamos amar e ser amados. Mas esqueceremos algum dia (pelas melhores ou piores razões) a casa e a terra das nossas origens?
(Texto para continuar a ler aqui)


Hoje, no DN, Anselmo Borges escreve sobre O pesadelo do teólogo:

Afinal, ocupamos um lugar periférico no Universo. Pascal perguntava: "O que é um homem no infinito? Apavora-me o silêncio dos espaços infinitos." Mas, por outro lado, é no homem que este processo gigantesco toma consciência de si. Somos reflexivos e temos autoconsciência: desdobramo-nos e reconhecemo-nos. Sabemos do bem e do mal. E levamos connosco a pergunta inevitável e triturante do sentido, do sentido último: qual o sentido de tudo?, porque há algo e não nada?, o que vale a minha vida?, existimos porquê e para quê? Transportamos connosco a questão da morte e de Deus, a dupla face do Absoluto.


Ontem no CM, Fernando Calado Rodrigues refere a carta do Papa ao Fórum Económico Mundial, que hoje termina na Suíça. Sob o título Os pobres em Davos, escreve:

O Papa aproveitou ainda para apelar aos mais ricos e poderosos do mundo que não esqueçam os mais pobres. E mais uma vez ergueu a sua voz para denunciar a “cultura do descarte” e da indiferença perante a exclusão e o sofrimento de tantas pessoas, em todo o mundo. “Não devemos permitir jamais que a cultura do bem-estar nos anestesie” Desafiou os que têm nas mãos os destinos do mundo “a garantir que a vinda da ‘quarta revolução industrial’, os efeitos da robótica e das inovações científicas e tecnológicas não levem à destruição da pessoa humana – ao ser substituída por uma máquina sem alma – nem à transformação do nosso planeta num jardim vazio para deleite de poucos escolhidos”.

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Terceiros Sábado: missas, amizades e conspirações contra a guerra colonial e a ditadura - reconstituição inédita de uma rede católica de oposição ao Estado Novo


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