sábado, 27 de setembro de 2014

Frei Bento Domingues: a escrita e Jesus, Portugal e o mundo, a missa e o livro da vida


foto Alexandre Azevedo/Sábado

“Não gosto de escrever. Se pudesse, era todo o tempo a ler. Gosto também de discutir o que leio com outros e gosto do debate”, diz frei Bento Domingues, numa entrevista a Manuel Vilas Boas, na TSFonde passa em revista algumas das ideias das duas antologias de crónicas do Público, editadas nos últimos meses: Um Mundo Que Falta Fazer e A Insurreição de Jesus.

Na Antena 1, na véspera da sessão de dia 19 na Gulbenkian, Duarte Belo entrevistou também o teólogo dominicano. Sobre o título do último volume de antologia, diz frei Bento: “A insurreição de Jesus não é a organização de um movimento bélico (...) o que ele queria era mudar a mente das pessoas, o evangelho é isso. O que ele pregava era a alegria, porque mudamos de vida, mudamos de orientação de v ida, mudamos para ver o mundo a partir dos excluídos; nesse aspecto, estou muito agradecido a Deus  por nos ter facultado a possibilidade de um papa como o Papa Francisco...” (a entrevista pode ser escutada aqui na íntegra)

Também antes do encontro na Gulbenkian, Bento Domingues foi entrevistado por Luís Caetano no programa A Ronda da Noite, da Antena 2, durante dois dias. “Eu não queria uma missa para crianças, [outra para] adolescentes ou adultos. A eucaristia é celebração da família dos filhos de Deus (...) fazemos uma festa, que seja o momento em que se transforma a vida subvertemos as desgraças da nossa semana”, dizia ele, dia 17. 
Na segunda noite, acrescentava: “Devemos evangelizar tanto a nossa sensibilidade, como a nossa imaginação, como a nossa inteligência, os nossos afectos, as nossas  relações (...) Jesus morreu com as pessoas todas no seu coração, com os seus próprios inimigos, é isso que temos que viver e morrer: para uma vida nova, para dizer que o mundo não tem de ser de amigos e inimigos...
(o programa pode ser escutado aqui)

Na Grande Entrevista da RTPI, dia 24 de Setembro, com Vítor Gonçalves, frei Bento falou muito dos seus hábitos pessoais de leitura e escrita, bem como da situação económica do país, distinguindo entre a pobreza como opção, que “dá uma liberdade enorme”, e a “pobreza imposta” que torna muitas pessoas em “miseráveis” e falando sobre o livro da sua vida – a Summa Theologica, de São Tomás de Aquino: “Ele escreveu aquilo porque achava que havia uma variedade enorme de questões disputadas; e, em vez de declarações, começa sempre por interrogações.”

A segunda via da vida, a ciência e o divino

Crónicas


(foto reproduzida daqui)

No seu comentário aos textos da liturgia católica deste domingo, Vítor Gonçalves escreve na Voz da Verdade, sob o título A vida tem segunda via?:
É isso que me apaixona no evangelho de Jesus: Deus acredita que podemos sempre mudar. E nunca desiste de ninguém! (...) Sim, o pior mesmo não é errar, mas não ganhar a coragem do arrependimento e a vontade de mudar. (...) Os valores humanos da verdade, da justiça, da responsabilidade, de tudo o que nos dignifica como pessoas são promotores das muitas possibilidades de mudança pessoal e comunitária. Mas é o encontro pessoal com quem os vive autenticamente, com quem nos aponta ideais mais altos, como Jesus sempre fez a todos, especialmente aos mais desprezados, que faz a verdadeira diferença.
Concordo com Mia Couto: “a vida, sim, tem segunda via. Se o amor, arrependido de não ter amado, assim o quiser.”
(texto integral aqui)

No DN de hoje, Anselmo Borges escreve o terceiro texto sobre A ciência e o divino:
quem acredita no Deus transcendente, pessoal e criador sabe que Deus não é pessoa à maneira das pessoas humanas, finitas. Deus também não é um Super-homem. O que se quer dizer é que Deus não é um Isso, uma Coisa. Como escreveu o teólogo Hans Küng, "Deus, que possibilita o devir da pessoa, transcende o conceito do impessoal: não é menos do que pessoa". Não esquecendo que Deus é e permanece o Inabarcável e Indefinível - Gregório de Nazianzo (330-390), doutor da Igreja, pergunta: "Ó Tu, o para lá de tudo, não é tudo o que se pode dizer de Ti?" -, pode dizer-se que é "transpessoal".
(texto integral aqui)

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Torres Queiruga, hoje em Lisboa: A finitude do mundo e o problema do mal

Agenda



O teólogo Andrés Torres Queiruga está hoje em Lisboa, para falar sobre A finitude do mundo e o problema do mal. Professor de Filosofia da Religião, na Universidade de Santiago de Compostela, Queiruga será interpelado por Joana Rigato, professora e doutoranda em Filosofia.
Natural da Galiza, Andrés Torres Queiruga é um dos mais importantes teólogos católicos contemporâneos e tem dedicado muita da sua investigação a questões como o mal ou a ressurreição. Nascido em 28 de Maio de 1940, em Aguiño (Ribeira), estudou no Seminário de Santiago de Compostela e na Universidade Pontifícia de Comillas. Já depois de ser ordenado padre viveu em Roma e na Alemanha, redigindo a sua tese de doutoramento, que dedicou ao teólogo compostelano Amor Ruibal.
Entre os cerca de 60 livros que publicou, muitos dos quais com tradução para português no Brasil, estão Teoloxía e sociedade, A revelación de Deus na realización do home, Creo en Deus Pai. O Deus de Xesús e a autonomía humana ou ainda Repensar a resurrección. A diferencia cristiá na continuidade das relixións e da cultura e Para unha filosofía da saudade.
Além dos livros, Torres Queiruga tem publicado também centenas de artigos em revistas e obras colectivas. O seu estudo sobre A ressurreição. Que quer dizer ‘ressuscitar dos mortos’? está incluído no livro Quem Foi Quem É Jesus Cristo? (ed. Gradiva), coordenado por Anselmo Borges. Fundador da revista galega de pensamento cristão Encrucillada, criada em 1977, Queiruga coordenou ainda uma equipa que traduziu a Bíblia para galego.

A intervenção de Queiruga em Lisboa surge a convite do Graal – movimento católico internacional de mulheres, e decorre no Terraço, espaço situado na Rua Luciano Cordeiro, 24 – 6º A. Este é o primeiro debate da série Terraço em Diálogo que o Graal se propõe retomar, com periodicidade mensal (quintas-feiras do final do mês). Cada sessão implica uma inscrição (cinco euros) e inclui uma pausa para uma refeição ligeira.

terça-feira, 23 de setembro de 2014

"Físico célebre diz que Deus já não é necessário. Mas o que sabe a Física para decidir sobre Deus?"

Esse é o título de um artigo hoje publicado pelo Expresso online, assinado pelo jornalista Luís M. Faria:
Stephen Hawking: brilhante e polémico
Foto:EPA
     Stephen Hawking, um dos cientistas mais importantes do mundo, acaba de declarar que não acredita em Deus. Por ocasião da sua participação numa conferência de astrofísicos em Tenerife (Espanha), o físico britânico deu uma entrevista ao diário "El Mundo" onde sugere que a ideia de um criador divino já não é necessária.
   "No passado, antes de entendermos a Ciência, era lógico acreditar que Deus criou o Universo. Mas agora a Ciência oferece uma explicação mais convincente", diz. Referindo-se à ideia com que termina o seu famoso livro "Uma Breve História do Tempo" - se conseguíssemos elaborar uma Teoria de Tudo, conheceríamos a mente de Deus - explica-a agora deste modo: "O que quis dizer quando disse que conheceríamos a 'mente de Deus' foi que compreenderíamos tudo o que Deus seria capaz de compreender caso existisse. Mas não há nenhum Deus. Sou ateu. A Religião crê em milagres, mas estes não são compatíveis com a Ciência".
    Em rigor, não é a primeira vez que exprime estes pontos de vista. Já na sua obra "O Grande Desígnio" (editada pela Gradiva, como a "Breve História") tinha dito que não era preciso recorrer a Deus para compreender de onde nasceu o Universo. Chegou a afirmar que a matéria podia "criar-se do nada, por geração espontânea". As declarações agora produzidas apenas reacendem o velho debate, que de resto é permanente, sobre a relação entre Ciência e Religião.
     "Ele não está a dizer nada de novo", explica o físico Carlos Fiolhais, professor catedrático da Universidade de Coimbra. "Está a causar alguma confusão, pois estes temas, que em tempos foram muito próximos, hoje são coisas distintas. Não é através do telescópio, do microscópio, do acelerador de partículas, que se consegue chegar a Deus. É mesmo impossível. Não há nenhuma prova científica, e nunca vai haver, da existência de Deus."
(...)
Ler o texto completo aqui.

Jantares e mesa, ciência e divino, casas e cristianismo

Crónicas

Na sua crónica de Domingo, no Público, frei Bento Domingues escreve a propósito do próximo Sínodo dos Bispos católicos, que debaterá os problemas da família. E, sobre os divorciados que voltaram a casar, escreve, sob o título Convidados para jantar, proibidos de comer:
Há divorciados recasados que são convidados a seguir a espiritualidade desse caminho. Existem outros que não aceitam qualquer descriminação. Também encontramos teólogos e pastoralistas, bispos, padres e cardeais advogados das duas orientações. No Sínodo, terão de conversar. Em qualquer dos casos seria importante que os interessados tivessem uma palavra a dizer e uma consciência a seguir.
De qualquer modo, a participação numa refeição pertence à simbólica da Eucaristia. Quem aceitaria um convite para jantar, com a seguinte cláusula: vem jantar, mas olha que não podes comer? Pensemos nisto nas próximas Celebrações Eucarísticas.
(texto integral para ler aqui)


À volta do mesmo tema, Fernando Calado Rodrigues retomava sexta-feira, no Correio da Manhã a celebração de matrimónios do Domingo anterior, para escrever sobre Papa “casa” divorciado:
Espera-se que o Sínodo dos Bispos reflita sobre essa e outras situações irregulares e que encontre uma solução para que as pessoas possam ser admitidas à confissão e comungar. Para já o Papa limitou-se a acolher diferentes percursos para o matrimónio 
(texto integral para ler aqui)


No comentário à liturgia católica de Domingo passado, Vítor Gonçalves escreve, com o título Em casa:
Que todos trabalhem na sua vinha é o desejo de Deus; e a sua vinha é o mundo. Esta casa comum onde é urgente concretizar dinamismos de trabalho que valorizem cada pessoa, opções políticas e económicas que superem o abismo entre rendimentos escandalosos por excesso e por miséria. Que casa andamos a construir?
(texto integral para ler aqui)


No DN de sábado, Anselmo Borges escreve o segundo texto acerca do tema A ciência e o divino:
É tal a dívida para com a ciência que se corre mesmo um risco e tentação: pensar que ela detém o monopólio da razão. De facto, não detém, pois a razão é multidimensional e há necessidades humanas a que a ciência não responde: por exemplo, a estética, a ética, a religião. O homem será sempre religioso, porque não deixará de colocar a questão do fundamento e sentido últimos.
(texto integral para ler aqui)


No Expresso-Revista de sábado, José Tolentino Mendonça escreve a propósito da pergunta O cristianismo está a morrer?:
O que será o cristianismo do futuro? O teólogo Karl Rahner escreveu, como uma espécie de testamento, três coisas que fazem pensar: 1) o cristianismo voltará a ser formado por pequenas comunidades, mas vivendo com maior entusiasmo e simplicidade a sua fé; 2) a adesão à crença não aocntecerá por pressão sociológica, mas por um caminho pessoal, livre, maturado e esclarecido; 3) o cristianismo perderá relevância política e estratégica, mas reganhará espaço para afirmar o santo poder do coração.
(texto integral para ler aqui)

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

A teologia do fragmento de frei Bento Domingues

No Público de domingo passado, frei Bento Domingues escreve sobre O desterro da teologia, para falar sobre a “teologia do fragmento” que ele assume fazer:

Não me sinto mal no caminho da “teologia do fragmento”, do provisório. Sou alérgico às declarações classificadas como definitivas, irreformáveis de certo estilo de magistério eclesiástico. Em sentido contrário, não sou menos alérgico ao relativismo, ao vale tudo! Somos filhos do tempo, na escola de todas as épocas, lugares e culturas. O Verbo fez-se e continua a fazer-se “carne”, fragilidade humana no tecido dos múltiplos e contraditórios sinais dos tempos antigos e no mundo contemporâneo.
O texto completo pode ser lido aqui.

A propósito da homenagem desta sexta-feira, na Gulbenkian, e da publicação das duas antologias de crónicasa Sábado publica hoje uma entrevista com frei Bento; um excerto em vídeo pode ser  visto aqui.


Foto Rui Gaudêncio/Público

Também na Visão de hoje há uma entrevista onde Bento Domingues afirma: “a mensagem do Evangelho é antifatal, não temos que nos resignar com o mundo em que vivemos. E que mundo é este que queremos fazer? Nas minhas crónicas, a única coisa que me importa é esta insurreição: este mundo está mal construído e podia ser de outra maneira.”

No JL – Jornal de Letras, Artes e Ideias de ontem, há uma outra conversa com o homenageado de amanhã. Ainda a propósito das suas crónicas, diz ele: “O infinito está sempre presente no finito. A política é a relação com o Outro. Somos seres de relação, a questão é que sejam boas relações políticas, económicas, sociais. É disso que fala o Evangelho, sempre a partir dos pobres, dos excluídos. É a defesa dos que não têm quem olhe por eles.”

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

A família tem futuro?

Agenda


O ISTA (Instituto São Tomás de Aquino), dos padres dominicanos, promove a partir desta quarta-feira o ciclo Tardes de Setembro, sobre o tema A família tem futuro?, com sessões em Lisboa e Porto.
Na apresentação da iniciativa, o ISTA descreve muito do que se passa hoje em dia, citando F. Vela: “A experiência vital começa hoje, para muitas crianças, nesse cenário, feliz mas breve, de um lar completo, ou seja, de um filho pequeno convivendo com ambos progenitores. A esta curta etapa, segue-se outra mais longa: a desta mesma criança vivendo só com a sua mãe separada ou divorciada. Uma terceira experiência talvez seja a do adolescente vivendo num novo lar, com a sua mãe recasada e, consequentemente, sob a figura menos atractiva de um pai adoptado ou padrasto. Chegado à idade juvenil emancipatória, ele unir-se-á consensualmente à sua noiva, exercendo plenamente vida sexual com ela como casal de facto. Num quinto ciclo vital, a maioria destes jovens casar-se-á com o seu companheiro/a de facto e, no fim de uns poucos anos de matrimónio, entrarão na sexta etapa que é a de divorciados. Passarão, pois, por um outro período em solitário, mas voltarão a casar. Chegados à etapa da maturidade, ficarão viúvos e recolherão a algum lar de idosos, onde esporadicamente receberão visitas do seu filho ou filha e dos seus netos.”
É precisamente a falar acerca de Percursos familiares – retratos da actualidade, que hoje se inicia o ciclo, com a médica Maria Amália Nunes. No Porto, a primeira sessão (quarta, dia 24) terá como tema A crise do humano, a família e os novos laços sociais, com o sociólogo Moisés Martins, professor da Universidade do Minho.
Os outros dois temas serão idênticos em Lisboa e Porto: Jesus e a família, com frei Bento Domingues; e O questionário do Sínodo dos Bispos – questões morais, com frei Mateus Peres.

As sessões decorrerão sempre a partir das 18h30. Em Lisboa (hoje até sexta), elas decorrem no Convento de São Domingos (Rua João de Freitas Branco, 12, junto à estação de metro do Alto dos Moinhos. No Porto (quarta a sexta da próxima semana), será no Convento de Cristo-Rei (Praça D. Afonso V, 86). A inscrição é de cinco euros e mais informações podem ser obtidas através do telefone 217 228 370 ou do endereço istaop@gmail.com.

domingo, 14 de setembro de 2014

Uma volta à Europa em bicicleta para abrir portas e possíveis



Sylvie e Jean-Louis à saída do Fundão, em Abril 
(foto Maria Marujo)

Chegaram neste sábado a Korinos, pequena aldeia à beira-mar, na Grécia, 440 quilómetros a norte de Atenas, próxima de Katarini e do Monte Olimpo. Nesta noite de domingo, deverão já descansar em Stomio, 80 quilómetros a sul, sempre seguindo a linha de costa. O final desta volta à Europa em bicicleta, que Sylvie e Jean-Louis Frison iniciaram dia 30 de Março, está previsto para daqui a mês e meio: dia 29 de Outubro deverão chegar a Cannes; dia 30, a viagem será de comboio até Estrasburgo e daqui, no dia seguinte, partirão para Mutzig, 25 quilómetros a oeste de Estrasburgo, para a última etapa, de novo em bicicleta.
“Temos o sentimento de estar a abrir portas e possíveis”, dizem ambos ao RELIGIONLINE, depois de terem percorrido já 13.800 dos 17 mil quilómetros previstos e atravessado 20 países – entre os quais Portugal, em AbrilAqui entraram por Almeida, passando depois pelo Fundão, Coimbra, Tomar, Lisboa, Fátima, Batalha, Aveiro, Porto e Braga. A 25 de Abril, em Lisboa, completaram 2000 quilómetros percorridos e viram, sem contar, 30 mil cravos lançados na Praça do Comércio por um helicóptero. 
Neste momento, visitaram já dez capitais europeias e utilizaram dez moedas diferentes, além do euro (há outras curiosidades que podem ser conferidas aqui).
Uma das questões que colocam é a do desconhecimento que temos, enquanto europeus, uns dos outros. Esta volta, dizem, ajudou a perceber que não se conhecem os vizinhos: “Temos todos um certo número de clichés, preconceitos, ideias falsas. E o encontro e a partilha permitem reajustar esses preconceitos.” Em Agosto, recordando os 100 anos do início da I Guerra Mundial, escreveram no blogue que o que estamos a viver actualmente “testemunha a importância de desenvolvermos pontos de encontro e de expressão”, que respeitem as especificidades de cada país e de cada pessoa. É preciso “ousar ir ao encontro do outro, com toda a simplicidade”, acrescentavam.
Numa altura em que se define a nova Comissão Europeia e a União continua mergulhada numa profunda crise económica, financeira e política, acrescentam que a redistribuição das riquezas não deve passar apenas “pelo mérito e o trabalho, mas pode ir buscar a sua fonte ao investimento do laço social”.
Com 53 anos, Sylvie é assistente social numa instituição gerida pela Associação dos Paralisados de França e que acolhe adultos com dificuldades físicas ou sensoriais. Jean-Louis, 51 anos, é director de uma instituição médico-social onde são acolhidas 80 crianças com défices cognitivos, gerida pela Arsea (Associação Regional de Acção Social, Educação e Animação).
Inicialmente, o trajecto previa uma passagem pela Ucrânia. Mas os ventos de guerra que sopram no país levaram-nos a alterar a rota, nas últimas semanas, descendo da Polónia pela Hungria, Sérvia, Roménia, Bulgária e Turquia, antes de entrar na Grécia.
“A passagem na Ucrânia foi-nos desaconselhada e não quisemos misturar a nossa volta com esta situação política complicada que se agrava desde há meses”, justificam. “Este conflito coloca em questão a estabilidade europeia instalada após muitos anos pela diplomacia.” Do que ouvem das pessoas, sentem “inquietação e medo do presidente da Rússia e um sentimento de tristeza com a ideia de que as populações ucranianas (logo, europeias) sejam tomadas reféns por uma minoria violenta”. Este procedimento “é contrário à nossa democracia”, afirmam.
A entrevista, feita por correio electrónico, após mais uma etapa desta volta original, fica aqui na íntegra:

sábado, 13 de setembro de 2014

A guerra é uma loucura, diz o Papa

O Papa Francisco em Redipuglia; foto reproduzida daqui)

O Papa Francisco assinalou na manhã deste sábado o centenário da I Guerra Mundial, visitando dois cemitérios militares em Redipuglia, na província italiana de Gorizia (nordeste de Itália, próximo da fronteira com a Eslovénia). Num deles, repousam os restos mortais de 14.550 soldados austro-húngaros, enquanto no outro se faz a memória de 100 mil italianos caídos durante o conflito.
“A guerra é uma loucura”, afirmou o Papa. “Enquanto Deus leva adiante a sua criação e nós, os homens, estamos chamados a colaborar na sua obra, a guerra destrói. Destrói também o mais formoso que Deus criou: o ser humano. A guerra transtorna tudo, inclusive a relação entre irmãos. A guerra é uma loucura, o seu programa de desenvolvimento é a destruição: crescer destruindo!”
O Papa acrescentou. “Hoje, depois do segundo fracasso de uma guerra mundial, talvez se possa falar de uma terceira guerra combatida ‘por partes’, com crimes, massacres, destruições. Para sermos honestos, a primeira página dos jornais deveria ter o título ‘A mim que me importa?’ Nas palavras de Caim: ‘Sou eu o guarda do meu irmão?’
Uma notícia da celebração e o texto da homilia, em castelhano, podem ser lidos aqui.
Aqui pode ver-se um vídeo com a homilia do Papa.