terça-feira, 10 de setembro de 2013

Capela prodigiosa




Exposição

O frontal de altar é esmagador, na sua beleza e na sua magnificência. A paramentaria é um acervo excepcional, pela quantidade e qualidade superlativa das espécies; as custódias, algumas das quais nunca vistas antes em contexto de museu e exposição, são um conjunto extraordinário de brilho e minúcia. Essas peças são exemplos de uma encomenda prodigiosa, que foi completamente executada em Roma e transportada para Lisboa em três naus: a Capela de São João Baptista, encomendada a Luigi Vanvitelli e Nicola Salvi (o mesmo da Fonte de Trevi, em Roma) e a vários outros artistas da cúria papal.
A Capela formava, com a Patriarcal de Lisboa, um conjunto edificado sob a direcção de João Frederico Ludovice, arquitecto e ourives do rei D. João V. Um dos comentários da época, citados por António Filipe Pimentel na apresentação do catálogo, dizia que a Capela de São João Baptista era “talvez a capela mais rica jamais construída”. Tendo sobrevivido milagrosamente ao grande terramoto de 1755, nela se incluía, além do altar e da iconografia, o tesouro das alfaias de culto a ela adstrito, bem como de paramentos e ourivesaria. Foi, aliás, para guardar esse tesouro que se construiu, em 1905, o Museu de São Roque.  
É o resultado e várias das peças dessa encomenda – que pretendia também mostrar às potências europeias o poder do Portugal das descobertas – que podemos ver, até final de Setembro, no Museu de São Roque. Num segundo polo da exposição, no Museu Nacional de Arte Antiga, evoca-se a riqueza histórica e artística da Patriarcal, que não sobreviveu ao terramoto de 1755. Uma exposição prodigiosa, a não perder.

A Encomenda Prodigiosa
até 29 de Setembro
(texto publicado na revista Mensageiro de Santo António, Setembro de 2013)

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