quarta-feira, 10 de abril de 2013

Perspectivas sobre o novo pontificado (3) - As reformas (e as rupturas) já começaram


As reformas do Papa Francisco já começaram, mesmo que ainda não se dê muito por isso.  E elas passam por decisões aparentemente tão banais como a de ficar a residir na Casa de Santa Marta e não no Palácio Apostólico, defende o jornalista Sandro Magister num trabalho publicado no sítio Chiesa e depois traduzido no Brasil pela Unisinos.
Na prática, a escolha do novo lugar de residência papal – “em si mesma uma ruptura”, defende Magister – “permite ao novo Papa subtrair-se fisicamente à pressão burocrática” que, se tivesse mudado para o Palácio Apostólico, “correria o risco de desarranjar sua vida e afogar a sua efectiva capacidade de governo”.
Mas há outros sinais, na opinião deste especialista em assuntos do Vaticano: a rapidez com que foram nomeados o novo arcebispo de Buenos Aires (Argentina) e o novo bispo de Vilnius (Lituânia), cujos nomes não passaram pelo crivo da Congregação dos Bispos nem por qualquer consulta secreta ao clero, como é tradicional. “Depois destes precedentes, será interessante verificar qual será a práxis do novo Papa  no que diz respeito às nomeações episcopais no mundo e na criação de novos cardeais”.
Também o papel da Congregação para a Doutrina da Fé pode estar a ser reorientado, analisa Magister, embora nesta matéria ainda haja muitas perguntas por responder. Subsistem também várias questões em aberto em relação às liturgias pré-conciliares que Bento XVI autorizara, ao papel dos institutos religiosos que tem sido objecto de debate sobretudo nos Estados Unidos, e aos integristas da Fraternidade São Pio X. 
“As respostas chegarão com o tempo, e não faltarão surpresas. É uma aposta”, diz Magister.
Noutra vertente, Frédéric Mounier nota, no La Croixque há um aspecto mais desconhecido do magistério do novo Papa: as suas homilias na missa diária na Casa de Santa Marta, com dezenas de funcionários do Vaticano. “Por duas vezes, ‘L’Osservatore Romano’ publicou a foto, surpreendente para os olhares romanos, de um homem de branco, no meio de dezenas de empregados do Vaticano”, escreve o jornalista. E as homilias são, passo a passo, o que alguns já caracterizam como um “mini-magistério”, acrescenta. Um magistério que deve ser “seguido com atenção”. 
(Foto: o Papa Francisco na capela da Casa de Santa Marta; reproduzida daqui)

1 comentário:

maria disse...

gosto de saber.