quinta-feira, 25 de abril de 2013

Beatificação de Oscar Romero, arcebispo de Salvador assassinado na missa, foi desbloqueada


 A causa de beatificação do antigo arcebispo de San Salvador, Oscar Romero, pode ter sido desbloqueada, a acreditar nas notícias que vieram a público nos últimos diascitando declarações do bispo Vincenzo Paglia, no domingo passado, sobre o arcebispo que foi assassinado a 24 de Março de 1980.
A situação de constantes violações de direitos humanos que se vivia em El Salvador naquela época, levou Romero a adoptar uma firme defesa da não-violência, ao mesmo tempo que criticava as graves injustiças sociais que existiam no seu país.
Morto em plena celebração da missa por um comando de extrema-direita, Romero tinha dito na véspera, numa homilia de que se pode aqui se pode escutar um excertoque “nenhum soldado está obrigado a obedecer a uma ordem contra a lei de Deus” que diz “não matarás”. E que “ninguém tem que cumprir uma lei imoral”. “Em nome de Deus e em nome deste povo sofredor (...), ordeno: cesse a repressão”, acrescentava o arcebispo.
A guerra civil que, na prática, se seguiu à morte do arcebispo, provocou entre 60 mil a 80 mil mortos. Em 1989, um novo episódio atingiu de novo o coração da Igreja, quando foram mortos seis padres jesuítas – entre os quais o basco espanhol Ignacio Ellacuría.
Vincenzo Paglia, postulador da causa de beatificação de Oscar Romero, estivera com o Papa Francisco no sábado. Domingo, na missa em Molfetta (sul de Itália), disse que o processo foi “desbloqueado”.
Apesar de ter sido assassinado, o que o poderia converter em “mártir” – ainda mais em plena celebração da missa – a Congregação para a Causa dos Santos debateu, ao longo destes anos, se Oscar Romero deveria ser considerado mártir da fé (como referiram João Paulo II e Bento XVI) ou se a sua morte se teria ficado a dever a razões políticas.
Romero não era adepto da teologia da libertação, mas a sua figura e a sua morte foram adoptadas pelas camadas mais pobres da população e pelas correntes eclesiais ligadas às comunidades de base e à teologia da libertação. Em 2007, recorda o semanário francês La Vie na notícia citada, na sua viagem ao Brasil, o Papa Bento XVI falou da questão: “O problema era que um campo político queria tomá-lo como porta-estandarte, como figura emblemática. Como evidenciar de modo justo a sua figura, preservando-a dessas tentativas de instrumentalização? Esse é o problema.”
A mesma notícia do La Vie recorda ainda que o bispo auxiliar de San Salvador, Gregorio Rosa Chavez, disse, a 26 de Março, que o Papa Francisco está “absolutamente convencido que Romero é um santo e um mártir”.

(foto: Charlas/Sipa, reproduzida daqui)

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