terça-feira, 15 de maio de 2012

A crise, quando nasce e cresce, não é para todos



O Público noticiava ontem com destaque que "Gestores do PSI-20 ganham 44 vezes mais que os trabalhadores". E explicava:
"Os salários dos gestores das principais cotadas na bolsa de Lisboa não seguiram a tendência geral de perda de rendimentos que se verificou em 2011. As remunerações dos presidentes executivos destas 20 empresas aumentaram 5,3%, para 17,6 milhões de euros. Já a média salarial dos trabalhadores caiu quase 11%."
Comentando esta informação, escreve hoje Manuel António Pina, no Jornal de Notícias:
"A notícia ontem conhecida segundo a qual as remunerações dos gestores das principais empresas cotadas subiram 5,3% em 2011 enquanto o salário médio dos trabalhadores (dos privilegiados que ainda têm trabalho e salário) baixou quase 11%, apenas confirma - se isso precisasse de confirmação - a quem está o Governo a cobrar os custos da "crise" e contra quem é dirigida a política de "empobrecimento" de que fala o primeiro-ministro.
Cresceu igualmente o fosso da desigualdade entre salários
de topo e de base: em 2010, os executivos recebiam 37 vezes mais do que os trabalhadores; em 2011, com a propalada "austeridade para todos", essa diferença aumentou... para 44 vezes".
"Vemos, ouvimos e lemos" todos os dias que as desigualdades, o desemprego e a precariedade não páram de crescer. Neste quadro, será razoável e ético, já para não dizer evangélico, que, salvo poucas excepções, os discursos que predominam nos principais responsáveis da nossa Igreja como que elidam a questão da justiça social, reduzindo os desafios desta hora ao socorro aos mais necessitados, sem pôr, ao mesmo tempo, em evidência e denunciar com vigor os processos e políticas que produzem a miséria e o abandono? Não se estará a reduzir e a truncar a riqueza da Doutrina Social da Igreja, em nome de lógicas, conveniências ou interesses que não podem ser certamente os do Evangelho? Bastaria, para tanto, dar publicamente respaldo ao que tem dito e publicado a Comissão Nacional Justiça e Paz e os movimentos operários católicos.


(Crédito da foto: AMBCVLumiar Blog)

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